Segundo pesquisa norte-americana, prática de atividade física por crianças acima do peso aumenta atividade cerebral
Testes de ressonância magnética revelaram que a prática de exercícios também foi relacionada ao aumento de atividade em regiões cerebrais associadas ao pensamento complexo e ao autocontrole.
“Isso quer dizer que o comportamento sedentário crônico compromete as habilidades e conquistas da criança”, disse Catherine Davis, psicóloga clínica do Instituto de Prevenção da Universidade de Ciências da Saúde da Geórgia e autora do estudo. “Sabemos que os exercícios fazem bem para a saúde, mas até então não tínhamos evidências suficientes de que os mesmos ajudariam também no desempenho escolar”, disse a pesquisadora.
Mesmo que o estudo tenha sido realizado com crianças acima do peso, a psicóloga acredita que resultados semelhantes seriam observados em crianças com peso normal.
Ambiental e biológico
Davis supõe que as mudanças positivas são resultado de uma combinação de fatores ambientais e biológicos. “Alguns fatores de crescimento neural foram identificados em camundongos que realizam exercícios físicos”, disse ela. Tais benefícios podem incluir mais células cerebrais e mais conexões entre elas.
Ela ressaltou, porém, que existem também os fatores ambientais e sociais. “A estimulação é maior quando as coisas estão se movendo rapidamente e quando nós estamos nos movimentando. Então, movimentar-se é estimulante também em termos cognitivos”, disse Davis.
Com um terço das crianças norte-americanas acima do peso, Davis acredita que a prática de exercícios deveria se tornar parte essencial da vida das crianças. “Os pais devem certificar-se de que seus filhos têm uma vida equilibrada – tanto em relação ao estudo como também aprendendo a cuidar bem do próprio corpo”, disse ela.
O relatório foi publicado na edição de janeiro da revista especializada “Health Psychology”.
Participaram do estudo 171 crianças acima do peso, com idades de 7 a 11 anos, divididos aleatoriamente em três grupos. Os dois primeiros realizaram 20 ou 40 minutos de exercícios vigorosos diariamente após as aulas, enquanto que o terceiro não realizou exercícios. Ao invés de competição e habilidade, o programa de exercícios foi focado em diversão e segurança, incluindo atividades como corridas, pular corda e bambolê.
Os pesquisadores constataram que o aumento máximo da frequência cardíaca atingida pelos participantes durante as atividades foi de 79%, o que representa uma prática vigorosa. As crianças foram avaliadas através dos testes conhecidos como Bateria de Habilidades Cognitivas Woodcock-Johnson III. Algumas crianças também passaram por exames de ressonância magnética cerebral.
Estes exames mostraram que as crianças que se exercitavam passavam por um aumento de atividade na região cerebral responsável pelas funções executivas – associadas ao autocontrole, ao planejamento, ao raciocínio e à abstração – assim como no córtex pré-frontal. Este último está relacionado ao pensamento complexo e ao comportamento social correto, ressaltaram os pesquisadores.
Foi também observada uma queda de atividade na região cerebral anterior ao córtex pré-frontal. A mudança parece estar ligada ao desenvolvimento mais rápido das habilidades cognitivas, disse Davis.
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Foi também observada uma melhora nas habilidades matemáticas, enquanto que a habilidade de leitura não teve alteração. “A descoberta sobre o aprimoramento do pensamento matemático é extraordinária, já que não foram disponibilizadas quaisquer instruções acadêmicas, além de sugerir que um período de intervenção mais longo pode resultar em maiores benefícios”, disseram os pesquisadores.
A nutricionista e psicóloga Samantha Keller comentou o estudo: “Ponha um grupo de crianças ao ar livre, dê a elas algumas bolas, cordas para pular e uma caixa de giz e em poucos minutos elas vão estar correndo, pulando e jogando amarelinha”.
Ela diz que assim as crianças ficam mais felizes, mais ativas e mais espertas.
“O organismo das crianças sabe intuitivamente que os exercícios são essenciais para a saúde e funcionamento do cérebro. Mas, quando lhes negamos seus instintos naturais e permitimos que elas se entorpeçam diante da TV ou do computador, elas se tornam letárgicas e mal-humoradas”, disse Heller, complementando que crianças sedentárias também estão propensas ao excesso de peso e a um desempenho escolar insatisfatório.
“A meu ver, é bastante simples perceber que, para ter boa saúde cerebral, as crianças devem ser estimuladas a participar de atividades físicas, tendo também o tempo e o local apropriado para tal. Precisamos desligar os computadores, as TVs, os celulares e os iPads e deixar as crianças fazer o que elas já fazem naturalmente: correr e brincar”, Heller concluiu.
Movimentar-se é estimulante também em termos cognitivos. Por isso que criança TEM que brincar!É como disse a psicóloga da entrevista: “O organismo das crianças sabe intuitivamente que os exercícios são essenciais para a saúde e funcionamento do cérebro. Mas, quando lhes negamos seus instintos naturais e permitimos que elas se entorpeçam diante da TV ou do computador, elas se tornam letárgicas e mal-humoradas”
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