De acordo com um estudo publicado no “Qualitative Research in Sport and Exercise”, de autoria de Billy Strean, professor-adjunto da Faculdade de Educação Física e Recreação e pesquisador da Universidade de Alberta, no Canadá, os traumas deixados por professores ou técnicos que estimulam demais a competição ou que são muito exigentes na obtenção de resultados têm marcas maiores que o esperado.
Para as 24 pessoas entrevistadas por ele, a difícil – e comum – experiência de ser o último escolhido na hora de tirar os times, ou de ser cobrado perante os colegas por não conseguir acertar a cesta de basquete, foi fundamental na opção por um estilo de vida sedentário. Segundo uma das entrevistadas, uma mulher de 51 anos, a simples lembrança das aulas de educação física traz tremores. “Nunca senti tamanha humilhação, nem tive tal antipatia por nada na vida quanto tenho por esportes”, declarou.
Strean defende que a obsessão por resultados pode ser muito boa na formação de uma geração ganhadora de medalhas olímpicas, mas se um país pretende que a maioria de sua população pratique exercícios por uma vida mais saudável, a abordagem pedagógica utilizada hoje em dia está completamente equivocada. Segundo ele, um caminho é tirar um pouco o foco da competição e colocá-lo na diversão.
“Nenhum professor rígido demais faz bem. É parte do processo de educar dar carinho, procurar ser amigo, se aproximar do aluno e, principalmente, ensinar com prazer e não com dor”, diz Regina Célia Rizzo, coordenadora pedagógica do Colégio Itatiaia, em São Paulo, há 28 anos. A psicopedagoga e terapeuta Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, concorda que a personalidade do professor é fator determinante: “a relação entre professor e aluno é fundamental. Para aprender, a criança precisa ter o desejo. Para ter o desejo, precisa ter um vínculo”, completa.
Claro que isso não quer dizer que as crianças devem ser poupadas de ambientes e experiências de competição – basta saber dosar. “O mundo é recheado de competições e não podemos ganhar ou perder sempre. É fundamental para a criança conviver com derrotas e vitórias, mas nada impede que na competição exista também diversão”, defende Antoniele Fagundes, filósofa, educadora e consultora familiar. Ainda assim, é importante trabalhar de acordo com a idade: é só a partir dos 9 anos que a criança se torna capaz de entender uma competição, desde que estimulada pelo lado positivo, sem cobranças massacrantes ou ameaças se não for o vencedor.
Um sinal clássico de que seu filho pode estar sob pressão em demasia nos esportes é o choro antes de ir para a aula e a queixa constante de dores de cabeça, estômago ou outros sintomas físicos. “É preciso checar se a queixa é legítima”, alerta Quézia. Conversar com colegas de classe também é uma alternativa para saber se eles têm a mesma dificuldade. E, acima de tudo, criar um ambiente de confiança em casa é essencial para ajudá-lo a lidar com as dificuldades. “É preciso sempre conversar e acreditar no potencial do seu filho”, recomenda Regina.
Fonte: http://delas.ig.com.br/filhos/resistencia+a+esportes+pode+comecar+na+escola/n1237535526665.html
Eu sempre tive este pensamento desde que entrei na faculdade em 1989. Tenho muito esta preocupação de fazer com que as crianças tenham prazer no movimento para tornarem-se adultos ativos ao invés de sedentários. Os jogos cooperativos são também uma abordagem filosófica muito inteligente e ética disponível aos profissionais de educação física.
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